03 Mar 2020 Reportagem Nature Action

PNUMA recebe sugestões para a Década de Restauração de Ecossistemas da ONU

A Década de Restauração de Ecossistemas 2021–2030 da ONU está prevista para ser um apelo global à ação, reunindo apoio político, pesquisa científica e força financeira para ampliar massivamente a restauração de ecossistemas degradados. Todos os setores da sociedade estão convidados a ajudar a planejá-la.

Contexto e estratégia

Em março de 2019, a Assembleia Geral das Nações Unidas adotou uma resolução declarando o período de 2021-2030 como a Década de Restauração de Ecossistemas da ONU. A coordenação da Década é co-liderada pelo Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente (PNUMA) e pela Organização das Nações Unidas para a Alimentação e a Agricultura (FAO).

A estratégia geral para a Década — que inclui visão, objetivos, papéis e responsabilidades das organizações envolvidas, monitoramento dos ambientes restaurados e meios de financiamento de ações em larga escala — foi desenvolvida com o auxílio de várias partes interessadas entre março de 2019 e janeiro de 2020, por meio de mais de 25 workshops e várias reuniões, teleconferências e compromissos.

Dentre os participantes, havia governantes, agências das Nações Unidas, organizações não governamentais internacionais e locais, entidades do setor privado, membros da academia, grupos de jovens, organizações religiosas e secretarias das Convenções do Rio — que juntos totalizaram mais de 150 pessoas e 50 organizações.

Todos e todas concordaram que a Década pode ser uma oportunidade única para a restauração e conservação dos ecossistemas, contribuindo significativamente para o alcance dos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável — como acabar com a pobreza, conservar a biodiversidade, combater as mudanças climáticas e melhorar os meios de subsistência para todos e todas, independentemente de onde moram.

Jeremy Bishop/unsplash
Photo by Jeremy Bishop/ Unsplash

Também houve consenso sobre a necessidade de mudança na mentalidade da sociedade para mobilizar recursos e restaurar os milhões de hectares de ecossistemas terrestres e marinhos degradados. Tais mudanças envolvem a adoção de um novo imperativo ético para restaurar e conservar ecossistemas saudáveis, bem como  os inúmeros benefícios que derivam deles, para as gerações futuras. Se esse imperativo se tornasse uma regra social global, as pessoas responsáveis pelas tomadas de decisão nos governos e no setor privado não teriam escolha a não ser investir substancialmente na preservação dos ecossistemas.

A perspectiva para a Década é um mundo onde — para a saúde e o bem-estar de toda a vida na Terra, agora e no futuro — a relação entre seres humanos e natureza é restaurada, a área de ecossistemas saudáveis é ​​aumentada e sua perda e degradação são interrompidos. Por trás dessa visão temos dois objetivos principais:

  • reforçar compromissos globais, regionais, nacionais e locais e ações para prevenir, interromper e reverter a degradação dos ecossistemas
  • aprimorar e aplicar nosso entendimento sobre restauração ecossistêmica bem-sucedida nos sistemas educacionais e em todos os processos de tomadas de decisão dos setores público e privado

É hora de agir

Para cumprirmos essa missão e os dois objetivos que a acompanham precisaremos da ajuda de toda a comunidade global.

Os líderes de governos precisarão se comprometer com o financiamento de projetos nacionais para aumentar os esforços de restauração ecossistêmica em seus países.

As organizações não governamentais precisarão investir na capacitação das comunidades locais e do corpo governamental técnico para iniciarem novos projetos de restauração.

As agências das Nações Unidas deverão coordenar todas as partes interessadas envolvidas. Ainda, deverão garantir que sejam feitas incursões sobre temas como a incorporação de conteúdos sobre restauração ecossistêmica nos currículos escolares.

A academia será estimulada a realizar pesquisas para aprimorar os protocolos de restauração ecossistêmica e monitorar o sucesso dos ecossistemas já restaurados, desde a captura de dados no terreno até o sensoriamento remoto.

E os grupos de povos indígenas, mulheres, jovens e a sociedade civil em geral serão consultados e incluídos na implantação de operações em ecossistemas específicos para aprimorar os esforços de restauração nesses locais. 

Embora governos, agências das Nações Unidas e organizações não governamentais internacionais apoiem ​​e guiem a Década e liderem muitas de suas atividades, pequenas organizações não governamentais e indivíduos — sejam crianças em idade escolar ou idosos — serão chamados a desenvolver e assumir as ideias, iniciativas e imperativos catalisados ​​na Década.

Os indivíduos podem ajudar, por exemplo, escrevendo, pintando, desenhando, falando, filosofando, financiando, analisando, plantando, cultivando, regando, ensinando, votando, fazendo campanha, mobilizando, conscientizando e colaborando. Essa participação pode resultar em restauração de ecossistemas locais; implementação de agricultura agroecológica; estabelecimento de pontos de restauração ecossistêmica em parques, escolas e universidades locais; publicação de podcasts; pintura de murais; realização de palestras para a comunidade local; condução de ciência cidadã em ecossistemas restaurados; criação de organizações não governamentais locais que se concentrem na restauração de ecossistemas e formação de grupos de caminhada para explorar ambientes que precisam ser restaurados. O céu é o limite!

 

O documento com a estratégia está aberto para revisão,  comentários e sugestões até 30 de abril de 2020 e qualquer pessoa interessada em contribuir com o planejamento da Década e das atividades a ela relacionadas pode participar.